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2012 – O princípio do fim ou um novo começo?

Não vai ser novidade para a maioria de vós, (e muito menos para a minoria que costuma ler este blog com regularidade), que o ano 2012 do calendário gregoriano está, desde há longa data, marcado a vermelho por historiadores, profetas (da desgraça  e outros), astrólogos,  astrónomos, velhos do Restelo, optimistas e pessimistas…

3276407960_b21bb09121Mais precisamente, (pelo menos a crer na maioria erudita que estuda o fenómeno), o dia 21 de Dezembro desse ano será, esse sim,  uma data memorável, ainda que ninguém esteja bem de acordo sobre a razão dessa certeza – mas as opiniões dividem-se entre, maioritariamente, o fim do mundo (como o conhecemos e não só) ou o começo de uma nova era (boa ou má… ainda em dúvida) – de qualquer das formas acho infeliz a escolha da data, e já lancei uma petição para a alterar – cai no meu dia de anos e tenho coisas marcadas, que diabos!

Como tal, qualquer alteração cataclísmica e/ou milenar na ordem de toda a vida na Terra tem de esperar que eu apague as velas (entre as nove e as dez da noite, digamos) e só depois prosseguir com a destruição – não só é absolutamente lógico, como da mais elementar boa educação que o cosmos espere que eu cumpra com a minha rotina anual, e a abertura de pelo menos uma prendinha.

Dito isto, e porque nem tudo gira à minha volta (mas devia, dado que à velocidade que consumo McDonalds e Telepizza já possuo massa suficiente para ter satélites a orbitar-me…), há, neste momento, um conjunto de teorias concorrentes para a importância, real ou imaginada, da famigerada data – curiosamente, nenhuma menciona o meu aniversário – vermes ignaros …

A principal de todas prende-se com alguns cálculos, astronomicamente verificáveis, inicialmente postulados por uns hippies barbudos em  stonehenge-xmw-1024Stonehenge e, simultaneamente, por uns índios, com manias de atirar virgens para poços, na América do Sul.

Estas duas reputadíssimas fontes, curiosamente, trataram de se auto-extinguir, (como os faraós), há umas largas centenas de anos, ainda que, de uma forma muito atenciosa, tenham feito questão de nos deixar os calendários para endossar, à civilização moderna, a preocupação e o stress de um futuro incerto. Agora perguntar-me-ão vocês, que calendários nos deixaram estes profetas da passado?

Da Pirelli ou da Maxmen, daqueles que todos os garagistas que se prezam ostentam nas paredes das suas oficinas? Talvez com umas deusas pagãs jeitosas, ou umas miúdas maias de tanga de penas? Pronto, em último caso daqueles dos restaurantes chineses, escritos numa algaraviada indecifrável, ou com gatinhos bebés? Acham? Claro que não. Por alguma coisa estes tipos se extinguiram – os druidas tiveram a infeliz ideia de criar o sistema deles alinhado com os astros, mas sem recorrer a nenhum indicador que pudesse fazer sentido ao comum mortal, arrastando monólitos de largas toneladas encosta acima até ficarem numa configuração vagamente circular (e que só eles conseguiam ler…), e os Maias acharam por bem gravar na pedra um calendário perpétuo de rodonas, mayan_calendar1 rodas e  rodinhas, girando independentemente, que por acaso, só por acaso, paravam de fazer “clic” em 2012 – como imaginam, com merchandising deste, o espanto era se tivessem sobrevivido aos tipos do marketing…

Passadas algumas largas centenas de anos, e entre Profecias Celestinas e os devaneios filosóficos de Nostradamus, o panorama negro começou a adensar-se – haveria de facto algo a recear de algo tão distante como o ano do Senhor de 2012? Aliás, tecnicamente o mundo já devia ter acabado, segundo várias previsões, no ano 2000 – lembram-se do “bug” que ia devastar a totalidade do hardware informático da civilização, lançando mísseis nucleares à revelia dos seus mestres, e fazendo tombar aviões como perdizes na mira de Manuel Alegre?

Certo é que, nem o mundo acabou, nem os ICBM saíram dos seus silos de betão, nem sequer um aviãozinho tombou, mercê desse apocalipse anunciado… Ou seja, os arautos da desgraça deram, uma vez mais, com os burros na água – claro que sem stressar demasiado, pois passados singelos 12 aninhos eis que se avizinhava um novo fim dos tempos…Isso sem contar com as interpretações bíblicas sobre 1999, com o 666 invertido, e que era a altura de Deus chamar a si os justos… Enfim, foi uma barrigada de riso quando, claro está, não aconteceu nada.2012__alignment2

Mas pronto, de volta ao tema. Resumidamente, esta primeira teoria gira à volta de uma alinhamento excepcional de planetas com o centro  da nossa galáxia, (a Via Láctea para os amigos), provocando, alegadamente, uma alteração (impossível, possível, provável ou garantida, depende de com quem falem…) da nossa esfera electromagnética (aquela coisa que não se vê mas que nos protege, a par da camada de ozono, da maioria da porcaria que o Sol atira na nossa direcção a toda a hora…).

Desse alinhamento podem resultar cataclismos tremendos, desde uma nova idade do gelo (que supostamente mandou os dinossauros – que até eram umas lagartixas bem beras – para as urtigas…), sismos e alterações geológicas violentíssimas (imaginem 1755 elevado ao PIB…), ventos solares de altíssima magnitude (experimentem ligar o microondas com uma fatia de fiambre lá dentro e pensem porque é que de repente perderam a vontade de ir à praia…) e o clássico desalinhamento do eixo (que faz tanto sentido como o de pensar que uma pedrinha de alcatrão projectada pelo vento pode virar um camião TIR parado…).

Abaixo podem vislumbrar algumas imagens altamente computorizadas de um desfecho à medida das imaginações mais férteis…

Agora que já estão de queixo caído, ou a bocejar, que isto tem dias, cumpre-me falar-vos da segunda teoria mais popular, a que se enquadra mais no campo pericial do meu grande amigo Zorze Sereníssimus (nome artístico deste autêntico monge tibetano da borga), no que concerne a um grande despertar consciencial, a chamada Era de Aquário, que inspirou tantos movimentos hippies (lá estão estes  tipos outra vez, isto parece uma conspiração…), augurando um acesso sem precedentes às zonas mais inóspitas e dormentes do cérebro humano, permitindo-nos o livre-trânsito ao limite máximo da nossa evolução, enquanto homo-sapiens-sapiens.

E isto tudo causado pelo tal alinhamento dos planetas, (ou pela chegada ao nosso sistema solar do mítico Planeta X dou da activação temporizada de cristais atlantes, que isto há para todos os gostos, para o menino e para a menina…) – convenhamos que é simpático em termos de perspectivas para 2012 – bem melhor do que o novo aeroporto, o TGV ou o aumento das taxas de juro 🙂

Ok, e dizem vocês, que outras mudanças adviriam desta despertar em massa? Bem, este processo dar-se-ia um pouco por todo o mundo, e seria o começo de um entendimento global, o fim das guerras, amor incondicional e a libertação de um conjunto de poderes latentes, deste telecinese, telepatia, projecção consciencial, pirocinese, curas espirituais e acesso directo a memórias genéticas de vida passadas, entre outras coisas incrivelmente esotéricas.

Não sei a vossa opinião, mas a ver como, já sem essas capacidades aumentadas, conseguimos transformar este planeta no belíssimolarge_hair exemplo de harmonia e felicidade que ele é hoje em dia, tremo em imaginar a altura em que o senhor ucraniano a quem não dei uma moeda (pelo suspeito privilégio de não me riscar o carro que ele não ajudou a estacionar) poder pegar fogo às coisas com o pensamento… Mas isto sou eu, se calhar o que o mundo precisa mesmo é de super-heróis e super-vilões para despachar a nossa raça mais depressa e permitir que espécies mais merecedoras se apresentem como candidatas a arrendatárias do planeta – o nosso usucapião pode estar à beira de prescrever de qualquer das formas…

Há pelo menos mais umas 300 teorias sobre o assunto, cada uma mais fantástica que a anterior, mas o facto é que já ficaram com uma ideia – aliás, esta temática toda já está tão batida que o facto de eu só agora a ter abordado se deve apenas a não ser do meu feitio seguir a manada nestas coisas – e claro que vocês, leitores assíduos, não acreditaram em nada do que possam ter lido noutros sites menos reputados, aguardando pacientemente a verdade incorrupta que só aqui poderiam ler – e fizeram muito bem, uma vez que tive uma trabalheira imensa para recolher todos os elementos que vêem acima de forma a coligir um texto vagamente coerente, ainda que com um reduzido nível de comicidade – não se pode ter tudo 😉 

Em tom de despedida, deixo-vos aqui um último vídeo, este de teor mais brejeiro e, quiçá por isso, mais genuíno, daquilo que de facto conduzirá ao final dos tempos: um videoclip lançado por um humorista de calibre medianozinho, com uma pretendente a um trono vocal discutível, acompanhados por um orçamento suficiente apenas para imagens a preto e branco e um Skoda Octavia e que, no entanto, consegue ser, facilmente, superior ao original em que se baseou, de uma artista internacional que gastou uma boa parte de meio milhão de dólares na produção do seu clip…

Isto está tudo de pantanas, meus amigos 🙂

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“A long time ago, in a galaxy far, far away…”

Caros leitores, eis-me de regresso – que estas ausências incutem um estatuto de comeback a qualquer post, tal as suas dimensões… – com um tema que, imagino, não dirá grande coisa a muitos de vós, quer sejam contemporâneos da minha geração (a malta de 1970’s) quer sejam mais ou menos amorangados, mas a vida tem destas coisas, nunca se consegue agradar a toda a gente…

No entanto, o facto é que, querendo-se ou não, o fenómeno que vou descrever tem sido transversal a culturas, nações, gerações, gostos pessoais e sexuais, a meninos e a meninas de todas as idades, de uma forma tão curiosa como absolutamente explicável e racional – a vontade de sonhar.

Ah, já agora, aviso à navegação… Vão tirar a comida do lume, tenham uma boa bebida à mão, recostem-se bem e preparem-se… Este é dos compridos… 🙂

Metropolis – Trailer Original – Versão Remasterizada c/ OST Original

Voltando ao tema, da mesma maneira que, no Sec. XIX, Júlio Verne apaixonou o mundo com viagens fantásticas, criaturas reais e imaginadas, e ciência que ultrapassava a que era conhecida na época, certo é que foi o Sec. XX que veio estabelecer as fábulas futuristas como estruturas basilares da ficção e do nosso imaginário diário.

Desde o seminal “Metropolis” de Fritz Lang, de 1927, uma das maiores produções de sempre da história do cinema (há que ter em conta a data e os meios com que foi produzida…) até êxitos actuais como “Avatar”, de James Cameron, de 2009, foram milhares as produções cinematográficas que enriqueceram as nossas vidas e preencheram as nossas células cinzentas com sonhos de viagens interplanetárias, sociedades utópicas, naves capazes de ultrapassar a velocidade da luz, raças extraterrestres fluentes em inglês, monstros indescritivelmente assustadores, invasores alienígenas com objectivos atrozes, conquistadores megalómanos que abrangiam galáxias inteiras, enfim a lista é imensa…

Em anos mais recentes, com os avanços da tecnologia computorizada, o vulgo C.G.I . (Computer Generated Imagery, em tuga Imagens Geradas por Computador), mundos que antes só poderiam existir em papel, (aquele meio sempre actual que depende de boa escrita e da nossa

Avatar – 2º Trailer HD

capacidade de a visualizar), passaram a poder ser expressos, primeiro em celulóide, e mais actualmente em suportes integralmente digitais, tornando todos os sonhos possíveis, e a nós, espectadores, autênticas crianças mimadas a quem cada vez vai sendo preciso mais para surpreender e satisfazer.

Ainda assim, e apesar dos novos marcos tecnológicos que vão sendo ultrapassados com cada novo épico cinematográfico, um filme de ficção-científica, (pois é disso que se trata), é, por definição, uma manifestação áudio-visual de um universo imaginado, em que tudo o que é estabelecido na actualidade pode ser subvertido, com o objectivo final de criar uma realidade alternativa que convença o espectador.

E o cruxis desse universo é a história, o âmago de qualquer fábula. Se ao longo deste último século fomos confrontados com enorme criatividade literária adaptada ao grande ecrã, e fomo-lo certamente, a verdade é que há padrões em que já podemos incluir a maior parte dos filmes deste género, em que o argumento se desvia muito pouco de matrizes pré-estabelecidas, surgindo somente um pioneiro, muito de vez em quando, que vem desafiar os cánones e criar, mui frequentemente, um novo sub-genre.

Alien – Trailer Original

Dentro do clássico conceito de monstros no espaço, a referência que ocorre a muitos de nós é o incontornável “Alien”, de Ridley Scott, de 1979, apesar de ter havido N filmes com a mesma premissa nas décadas que o precederam – mas este teve a particularidade de ser simultaneamente um thriller e um filme de terror num ambiente claustrofóbico levado ao extremo. A própria Academia de Hollywood, reconhecendo que tinha sido criado um marco dentro do Sci-Fi resolveu atribuir-lhe duas nomeações. Alguns anos mais tarde, a sua sequela “Aliens”, de James Cameron, de 1986, eleva a fasquia, com um filme de acção pleno de momentos marcantes, uma banda sonora de referência, uma fantástico trabalho de actores e, pela primeira vez na história do cinema, uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz para a protagonista de um filme de ficção-científica, Sigourney Weaver, uma das primeiras verdadeiras heroínas de acção do cinema.

De uma forma geral, toda a indústria cinematográfica tem beneficiado com as inovações imaginadas, criadas e desenvolvidas para os filmes de ficção-científica, seja através de reduzidos custos de produção, de menos tempo gasto em efeitos de última hora ou, até mesmo, na eventual redução do salário dos extras – os pixels trabalham de borla 🙂

Aliens – Trailer Original Remastered

E muito mais poderia ser dito sobre a evolução do género na história do cinema, mas é um facto que não haveria espaço suficiente neste blog para o fazer e, sinceramente, não era esse o objectivo – a razão principal desta verborreia toda deve-se ao evento que ocorre amanhã e depois nos Pavilhão Atlântico, e que passo a descrever muito em breve.

Ainda assim, e porque nunca é demais lembrar que nem toda a sci-fi tem gente de carne e osso, deixo-vos aqui mais um trailer, um nadinha mais abaixo, por constrangimentos de espaço, neste caso de um primoroso filme de animação digital, dos génios da Pixar, o filme “Wall-E”, de 2008, que acaba por ser, em última análise, uma história de amor até aos confins do universo – o que, convenhamos, é a epítome da ficção 🙂

Agora, em relação ao motivo deste post, refiro-me, claro, ao evento “Star Wars in Concert”, pela primeira vez em Portugal, apresentado por Anthony Daniels (o famoso C-3PO da saga), com a presença de uma orquestra sinfónica completa, os maiores ecrãs de alta definição LED alguma vez criados, uma exposição de adereços originais dos filmes e muito merchandising à mistura – claro que nada disto seria possível sem a existência da inesquecível banda sonora criada pelo veterano John

Wall-E – Trailer Original HD

Williams, compositor de eleição de Steven Spielberg e, por acréscimo, do seu amigo de longa data, George Lucas.

Se existe uma banda sonora que consegue capturar a imaginação de miúdos e graúdos é, certamente, a dos filmes em que John Williams teve o dedo na composição, nomeadamente, e apenas para mencionar alguns,  “Jaws”, “Superman”, " todos os de “Indiana Jones”, “E.T.”, “CLose Encounters of the Third Kind” e “Jurassic Park” – e, naturalmente, considerada por muitos o apogeu das suas capacidades criativas, a do espectáculo em causa, a dos 6 filmes da saga “Star Wars”, num estilo inconfundível e Wagneriano, com composições orquestrais fortíssimas, belíssimas passagens românticas, autênticos hinos ao cinema de acção, com peças como a “The Imperial March”, do Episódio V, a anunciar a presença de Darth Vader, e do próprio Imperador Palpatine, a ficarem associadas indelevelmente ao mal nos seu estado mais puro e inadulterado, ou a passagem final do Episódio IV, “The Battle of Yavin”, a elevarem a tensão a níveis incríveis mas culminando numa vitória das forças do bem de que nenhum fã se poderia esquecer.

Se rever cenas pivotais dos filmes, acompanhados de uma orquestra ao vivo,

Star Wars – Episode I~: The Phantom Menace – 1999

e com interlúdios por um dos seus principais actores – o homem a quem George Lucas chamou afectuosamente de “Mr. Star Wars” – é motivo ou não para tanto entusiasmo, bom, isso é discutível.

Como em tantas coisas na vida, a percepção é tudo – para mim, que cresci com os filmes, depois os jogos de computador, os livros e até alguns brinquedos da saga, as bandas sonoras são um prolongamento natural da viagem pela imaginação que é “Star Wars”, um universo que me acompanhou desde que me lembro, com tantas memórias fantásticas que nem poderia inumerá-las, tantos momentos únicos em que sofri, chorei (admito-o, é verdade, sou um lamechas quando a prosa é boa…), sorri, dei valentes gargalhadas mas, acima de tudo, deixei-me levar pela ideia romanceada de uma Força toda poderosa, que existe dentro de todos nós, guiando os nossos passos, ainda que, curiosamente, deixando-nos escolher o nosso próprio caminho, num universo pleno de possibilidade, perigos e paixões.

Star Wars – Episode II: Attack of the Clones – 2002

Ainda – e, paradoxalmente, já não – sou o miudo que fazia o sabre de luz com o comando da televisão, acompanhado dos ruídos de moscardo preso numa caixa (e era repreendido por o deixar cair…), o que tentou N vezes fazer levitar os meus trabalhos de casa pela janela fora (e nunca consegui que se mexessem sequer um milímetro…), o que passou a mão em frente ao rosto de colegas e amigos dizendo “Estes não são os dróides que procuras” (e por isso levou tareias de meia noite de indivíduos perturbados, que hoje seriam considerados “bullies”), o que sonhava com a Princesa Leia vestida de escrava no Episódio VI (e convenhamos, quem é que não sonhava…?), o que queria ter um amigo da altura de um autocarro que nos safava dos sarilhos (e só tinha amigos ainda mais toininhos que ele…), o que queria ter a nave mais rápida do sector (e ia a pé para a escola…), o que sabia o nome de todos os planetas, naves, raças e personagens, principais e

secundárias da saga (mas não se conseguia lembrar dos reis de Portugal e outras coisas de somenos importância…), o que ouvia as bandas sonoras a altos berros, no carro, de vidro aberto (e era referenciado pela protecção civil como um perigo para a sociedade…)…

Star Wars – Episode III: Revenge of the Sith – 2005

Enfim, sim, sou um fã de Star Wars, como tantos outros – o futebol nunca foi a minha praia, (perdoem-me se não vibro com 22 homens super machões, de calções curtos, suados,a correr atrás e uma bola e a apalparem-se a a beijarem-se efusivamente quando a bola entra numa esquadria com uma rede no fundo…), não acho que passar o verão a exibir os abdominais bronzeados a miúdas que pretendo engatar seja a epítome de tempo bem passado (e sim, tenho abdominais— algures por aqui, tenho a certeza…), e carros rápidos não fazem o meu coração bater mais (isso só mesmo a McDonalds, a Telepizza e outras escolhas conscientes de alimentação racional, que não preciso de extensões fálicas para me sentir completo, obrigado…) – e, como tal, tenho a perfeita consciência que serei rotulado como geek, nerd ou freak, mas isso é algo com que posso viver – é o preço de estar fora da manada – menos lã e mais originalidade 🙂

Admitidamente, devo ter sido dos primeiros, em Portugal, a comprar um bilhete, a garantir o meu lugar nas primeiras filas de um Pavilhão Atlântico praticamente esgotado para estes dois dias, a dar o meu contributo para a máquina de fazer dinheiro que é a Lucasfilm, e a sua subsidiária de videojogos, a Lucasarts, mas pronto, tal é o destino dos fãs que simplesmente

Star Wars – Episode IV: A New Hope – 1977

não podem deixar de prestar a sua homenagem a uma saga que os viu, e fez, crescer, como se de um mentor se tratasse, que nos forneceu estímulo, ideias,

apoio e vontade para conquistarmos as nossas próprias vitórias, no dia-a-dia muito terrestre de quem vive neste planeta – ainda que contrariado 🙂

Como hoje é dia de trailers, e para os mais pacientes entre vós, espalhados pelo post vos deixo uns aperitivos dos seis filmes mais rentáveis da história do cinema (enquanto parte de uma saga, que tão cedo ninguém destrona o “Avatar” do seu pedestal de propriedade intelectual original com maior sucesso de sempre), chamando a atenção para o efeito kitsch do trailer do 1º filme da saga a ser realizado– em termos cronológicos, o Episódio IV, sem a música de John Williams nem qualquer efeito especial na montagem – uma desgraça que hoje só serve para rir, mesmo….

De todos os filmes, e porque as coisas são assim mesmo, o meu favorito talvez seja o Episódio VI, traduzido brilhantemente para tuga como “O Regresso de Jedi”, do original “Return of the Jedi” – que, quanto muito, seria “Regresso do Jedi” ou “Regresso dos Jedi”, consoante a interpretação – assim, pareceu que Jedi era um tipo qualquer que, por acaso, resolveu regressar. Aliás, da saga, somente o Episódio IV não teve direito a

Star Wars – Episode V: The Empire Strikes Back – 1980

subtítulo traduzido, possivelmente por alguém pensar que nunca haveria sequela e que, em última análise, ninguém começa uma série pelo episódio número quatro…

Mas voltando ao Episódio VI, tem de tudo um pouco – momentos de muito humor e carinho – os Ewoks – momentos tétricos – o combate entre pai e filho, cuja banda sonora me deixa sempre com água nos olhos – momentos de extrema acção – a perseguição das hoverbikes e, perto do fim, do Millenium Falcon, dentro da Estrela da Morte – momentos de amor – a Princesa Leia e o seu Han Solo –  momentos dramáticos – a carnificina dos Ewoks, a morte de Darth Vader – momentos épicos – a destruição da 2ª Estrela da Morte, a queda do SSD Executor – enfim, tudo para todos os gostos…

Curiosamente, nem o Episódio V nem o VI foram realizados por George Lucas, tendo ele somente assumido a produção, e o leme do primeiro sido entregue a Irvin Kershner (que fez um trabalho notável num dos filmes mais memoráveis da saga) e do segundo a Richard Marquand (que faleceu 4 anos depois sem ter a oportunidade de voltar a realizar um filme da saga, como

lhe tinha sido proposto inicialmente) – ainda assim, a constante presença de Lucas em toda o processo permitiu que os novos timoneiros não se afastassem um milímetro da sua visão da saga – que, lembre-se, era para ter, originalmente, 9 episódios!:)

Para todos os que se revêem nesta prosopopeia (adoro esta palavra :)), e também para os que, sinceramente, nem percebem do que estive a falar, só vos posso desejar uma boa semana, repleta de coisas boas, e que a Força esteja convosco 🙂

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Virtualidade real – mito ou realidade?

Caros leitores, é com enorme alegria que volto à vossa companhia, ao fim de uma porrada de meses de interregno, em que a musa inspiradora não picou o ponto e, como consequência, não escrevi nada.

Ainda bem, dirão alguns de vós, que pena, dirão os restantes, mas o facto permanece inalterado: desde Julho que não sai nada desta pena – mas parece que a travessia do deserto das ideias compensou – estou neste momento com um craniozinho a fervilhar de ideias fantásticas 🙂

A isto que leram acima chama-se “publicidade enganosa”, mas como ainda estão a ler pode ser que passe 🙂

Peço desculpa por não ir falar de política, da tragédia do Haiti, da Gripe A, de futebol, pedofilia ou do custo de vida… Mas há que estabelecer prioridades, e a minha hoje é mais prosaica mas, quiçá, tão pertinente como as que referi.

O tema de hoje é um já muito batido, o do valor e importância reais das relações virtuais, quer as que apenas se iniciam pelos mundos não-presenciais, quer as que nunca de lá chegam a sair – acima de tudo interessa falar de sentimentos, expectativas, satisfação e completude.

Já rios de tinta se desenharam por páginas brancas e ecrãs de computador de milhões de leitores em todo o mundo sobre este assunto, já se fizeram estudos e inquéritos, já se reuniram plateias de peritos em torno de “questões fundamentais” e “dados significativos”, já se realizaram debates televisivos (com intervenção via-sms por parte dos espectadores) com psicólogos e sociólogos… Enfim, fez-se tudo menos uma coisa: viver a situação.1165958759_virtual_love0806

Posso, desde já, afiançar-vos uma coisa: sabe quem me conhece, que desde 2000 que só conheço pessoas – com quem acabe por me envolver, entenda-se… – pela internet.

Podem apanhar o queixo do chão, os que ainda não sabiam, que isto nada tem de extraordinário. As pessoas têm todas valências diferentes, umas mais sociáveis, outras mais eremitas, umas mais sabidas e cheias de lábia, outras mais tímidas e atadinhas, umas capazes de virar cabeças onde quer que passem e outras perfeitas anónimas na multidão.

Eu, pela minha parte, careço de algumas características que, se calhar, muitos de vós tomam como garantidas, fruto de anos de experiências (mal ou bem sucedidas, não interessa nada…) de interacção com o sexo oposto (ou com o mesmo, não estou a  discriminar, vocês lá sabem da vossa vida…) .

Não sei engatar, não sei a letra da “canção do bandido” (nem me lembro da música, sinceramente…), não consigo perceber se alguém está interessado em mim (até ser tão óbvio que magoa), não me visto de forma “in” (e sofro de um ligeiríssimo daltonismo que me impede de distinguir correctamente azul escuro de castanho ou preto e violeta de roxo ou lilás…), não sou sociável (há pessoas a mais no mundo e adoro a minha caverna hi-tech…), não vou a discotecas, bares ou pubs (em que os meus pobres canais auditivos sofram risco iminente de morte – e para ajudar não fumo, nem bebo…), não costumo sair com amigas de amigos na esperança de me tocar alguma coisa e, para ajudar a todo este belo esquema de coisas, tenho todo o charme de um adolescente hiperactivo sem a mínima ideia do que fazer na presença de uma mulher que lhe interesse.

Ok, não sou um pesadelo grotesco, também há espelhos aqui na minha gruta, tenho um palminho de cara, ainda que pouco se note, e apesar de estar a perder cabelo mais depressa que o Nicholas Cage, mantenho uma pele muito fresquinha de teenager inconsciente 🙂

Não sou muito alto, roçando o metrinho e oitenta mal medido, ainda não estou uma bola, apenas charmosamente fofinho, sou possuidor de um sorriso fácil e de uns olhos expressivos mas ando, dizem, como um tipo que passou a vida embarcado – o que quer que isto queira dizer…

No mundo real, onde todas estas coisas constituiriam, sem margem para dúvidas, uma primeira impressão em alguém, o quadro não seria pintado com cores muito bonitas, admitamos… No melhor dos cenários, a potencial candidata estaria a tentar meter conversa comigo – que não perceberia que ela estava interessada – ou à espera que eu me apercebesse disso e metesse conversa com ela – e bem podia esperar sentada…

Se, muito eventualmente, chegássemos à fala, (o que já não seria nada mau – e ressalvo que nunca tal aconteceu e já lá vão 36 anos..) o meu discurso teria toda a coerência de um babuíno disléxico e acabaria por a espantar com parvoíces, piadas mal metidas ou simplesmente uma total ausência de savoir-faire.

Em resumo, nas palavras do RAP, um autêntico sedutor, o maior da minha aldeia… E, no entanto, nada poderia estar mais longe da realidade.

Tive alguns relacionamentos longos (ainda que tenham tendido a encurtar-se com o passar dos anos…), e uma mão cheia de relacionamentos curtinhos – a que eu chamo de blitzliebe (acabei de inventar, gostam?) – com mulheres das mais variados extractos sociais e académicos, nacionais e importadas, mais novas  e mais velhas que eu, mais ricas e mais pobres, mais altas e mais baixas, mais magras e mais gordas… Enfim, estão a ver o filme?

Como foi isto possível? Naturalmente que pela internet, essa diluidora de percepções, essa exterminadora da falta de charme, essa fantástica invenção de homens ainda mais ineptos que eu em sexo não-reprodutivo… virtual_love2

Milhões de pessoas em todo o mundo, e cada vez mais a cada minuto, usam a internet como outra ferramenta qualquer, com diferentes graus de sucesso, com as mais diversas limitações, mas com cada vez mais resultados positivos – para isso contribuíram sites de encontros, como o Netlog, o Meetic, ou o mais famoso Match.com.

Claro que não tardou que entidades menos reputadas quisessem aproveitar esta nova janela para o mundo para o seu prostíbulo virtual, repleto de ofertas aliciantes a troco de algumas moedas de prata, alguns chegando mesmo ao ponto de venderem noivas (geralmente provenientes de países mais carenciados…) a carinhosos e ansiosos futuros maridos (que regra geral as tratarão como tudo o que compraram pela internet…)., mas não é disso que pretendo falar hoje – e Jorge, meu amigo, se estás a ler, o Russianbrides.com não é um site de encontros com simpáticas meninas casadoiras de Leste, a ver se a festa de fim-de-ano to ensinou…

Voltando ao assunto principal, os sites de encontros reputados promovem, (a troco de um cartão de crédito recheado, é certo, mas em suaves prestações mensais…) a troca de informação entre os potenciais interessados, deixando que eles depois se encarreguem de iniciar contacto, estabelecer ligações e, eventualmente, até encontros.

Os perfis têm informação relevante, com dados físicos e estado civil em grande proeminência, seguido de interesses, hobbies, profissão, escolaridade, rendimentos… A lista é extensa, mas é geralmente mais apetecível (ou não, que isto tem destas coisas…) com foto(s), uma boa mensagem de apresentação e, de preferência, sem filhos – não se trata de qualquer leviandade em relação à “bagagem” que cada um traz, apenas um dado estatístico que estou aqui a partilhar convosco.

Curiosamente, no meio de tanta informação, e de nos vermos, e a quem nos interessa, reduzidos a tabelas de Excel bem formatadinhas em belíssimas páginas em Flash, as camadas mais fracturantes da não-atracção são igualmente despojadas de sentido.

O “geek”, o “nerd” e o “freak” têm tantas hipóteses como o “beto”, o “morango” ou o “surfista”. Há mercado para tudo e todos. Porque, acreditem se quiserem, há por aí sempre alguém que nos acha o máximo – ainda que possas não ser recíproco – e por vezes bastam essas injecções de auto-estima para encontrar em nós próprios valor, o verdadeiro atractor – alegadamente, as mulheres adoram auto-confiança, e conseguem detectar um cromo a dezenas de metros, mesmo com más condições de visibilidade…

Cyber_Love_by_Spidou Mas estou a divagar, voltando à pedra…

Mesmo um “cromo” como eu, anti-social, que passa mais tempo em casa que na rua, que adora cinema e jogos de computador, que não se conseguiu decidir por uma consola de última geração e comprou ambas (!), inseguro e cheio de dúvidas existenciais, e que tem um ar tão banal que passa despercebido onde quer que vá, mesmo assim, conseguiu encontrar várias mulheres interessantes ao longo dos anos, algumas delas de tal forma importantes que ainda hoje fazem parte integrante da minha vida, no meu mais íntimo círculo de amizades, (que acaba por ser sempre aquilo que mais importa, e o que resta de relações que começaram não por atracção física mas por sentimentos de empatia e partilha de interesses).

Em suma, o amor existe, está onde quer que o encontremos, e quer dure uma noite ou muitos anos nunca deixa de ser especial – a vida é demasiado longa sem ele, os dias são demasiado curtos com ele, e de cada vez que se reinicia o ciclo temos mais uma oportunidade de o fazer durar.

Já o vivi nesses prazos, já o vivi por uma linha de banda larga apenas, já me senti vivo com centenas de quilómetros pelo meio, já dei alegrias escritas, já partilhei palavras doces, já embalei com a minha voz e já despertei sentidos adormecidos…love-phone

Já sofri, me magoei, já feri e fui ferido, já caí em tentação e não me livrei do mal, já fui ao céu e aos infernos , já dei tudo de mim e já me guardei demasiado, já tombei mas levantei-me, já me faltou o chão mas também já tive asas…

Já chorei de raiva, dor, de frustração, mas também me ri de coisas tontas, de palavras moucas e de piadas parvas…

Já fiz quilómetros incontáveis em busca do amor, já o fizeram por mim, já saí de casa para casar, já voltei por não ter conseguido mantê-lo, já me declarei e já se me declararam, já dei com os burros na água mas também já levei a água ao meu moinho… 

O tema de hoje veio à baila em conversa com uns amigos que menosprezavam as relações iniciadas por meios electrónicos, como se as dos tempos de outrora, por carta, não tivessem sido, também elas, objecto de escárnio e má fé.

Diziam que o mundo real é que oferece a tangibilidade do primeiro olhar, da primeira impressão, a química da pele, do andar, os rituais da sedução e as trocas de frases introdutórias, mais ou menos banais, a sensação da “caça”…

Argumentei, como escrevi acima, que tudo tem o seu lugar, mas que nem todos nascemos com o gene da caça, ou, mais proverbialmente, que “quem não tem cão…”, e eu, mal ou bem, gatos já tenho dois 🙂

Deve ser por isso que ainda me vão achando piada – e eu também me vou achando, pois afinal, quem perdeu a capacidade de rir de si próprio não anda a aproveitar da vida a melhor parte…

Desejo-vos uma excelente noite, seguida de um fantástico dia, intercalado com uma tarde divinal e muito amor de permeio e lembrem-se, quando menos se espera, do outro lado da linha… está o amor 🙂

 
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Follow me…

Bom, para já, é bom estar de volta a estas coisas dos blogues, depois de um interregno de muitos meses, forçado que fui a isto por ter sido acometido de uma estirpe particularmente nefasta do vírus da preguiça, animal torpe que infundiu os meus sentidos de uma total falta de urgência…

Mas agora que voltei, para gáudio de meia dúzia de alminhas, tenho algo de fantástico (pelo menos para mim), para contar, a minha viagem a Londres no fim-de-semana de 19 de Junho, para ver a minha estrelinha da manhã, que por lá anda a desbravar caminho, na boa senda dos emigrantes do século passado, não deixando nenhuma hot-stone por virar no caminho para a excelência da estética…

Assim, passo a transcrever o percurso fascinante que fiz, desde que abandonei este país solarengo e fui propelido pelo ar a centenas de quilómetros horários, até à altura em que uma passarola generosa achou por bem devolver-me à origem, no dia 22…

Basicamente tudo começou na Net, em busca de um pacote simpático que incluísse avião e hotel – logo aí, as coisas começaram a abespinhar-se, sendo que essas coisas das low-cost só são low em certas alturas e teimam em só mostrar o cost o resto do tempo, acabando por me aperceber que é preciso dispor de uma flexibilidade – à contorcionista chinesa – nas datas, só para conseguir uns valorezinhos mais ou menos aceitáveis, ou seja, abaixo de extorsionários…

Entre EasyJet’s (que só tem pilotos em fase de recuperação de droga), White’s (que cobra pelo ar que se respira, por milha, e por ida ao WC em voo)  e a CatapultAir (que inventei, mas que deve ser mais económica, só se tem de levar a própria almofada e apontar para um campo de algodão…), lá me decidi pela Bristish Airways, voando nos seus garbosos Airbus A320 recauchutados, onde os meus joelhos se moldaram ao encosto de cabeça do passageiro da frente, numa osmose quase perfeita, uma Não saltou nada durante a viagem...verdadeira pérola da integração entre homem e peça de mobiliário…

Após um curtíssimo voo de duas horitas, em que tive direito a um repasto digno de um rei (um rei etíope, mas ainda assim um rei…), e de onde me consegui aperceber de um conjunto de ruídos parasitas (que identificavam a aeronave, nitidamente, como urgentemente à espera da revisão das 10.000 horas…), fui recebido com pompa e circunstância por emissários de Sua Majestade, na pessoa de um senhor de tez escura, aconchegado sob um belíssimo turbante púrpura, que me mandou o olhar da morte reservado somente a turistas portugueses e pedófilos belgas – possivelmente irritei-o com o meu coloquial “Good afternoon!” em tons de Reviver o Passado em Brideshead

Em menos de nada, o transfer-bus (sim, que em Londres, sê londrino…) levou-me até ao terminal onde, antes de termos acesso às bagagens, todos os passageiros puderam sofrer indignidades várias, que poderiam incluir, em caso de excesso de gracinha, buscas de cavidades corporais e detonação de bagagem por peritos –  eu, como vinha no pacote mais barato, fui apenas forçado a manter a cabeça quieta enquanto o sistema de identificação biométrico, (portador de artrite e Parkinson, em simultâneo) fazia o possível por me desenquadrar da moldura…

Após, e apesar de tudo, ter sido o primeiro a chegar ao tapete, fui brindado com mais uma daquelas coisas karmicas, na pessoa do “a minha mala foi a última a chegar”, entre dois sacos de desporto que faziam tique-taque e uma mochila da Eastpack que tinha autocolantes de tantos países como o caso Maddie tem buracos…Tocar o céu ali táo perto...

Lá saí dali, arrastando o meu levíssimo trolley, de apenas 14 quilinhos, até à paragem de táxis mais próxima, onde pude escolher o mais disponível, (neste caso o menos desagradável), um clássico London Cab, novinho em folha, conduzido por um britânico que, (pasme-se), tinha morado já em Portugal nos anos 60, e cuja primeira namorada se tinha chamado Natália Pedrosa (eu juro que não tinha perguntado nada, mas ele lá contou a história toda de como adorava Portugal, “Liii-sss-Bãua” e outras coisas assim), e que me disse que o Hotel para onde eu ia era o equivalente a a um 4 estrelas na santa terrinha, (o que me deixou deveras animado)… Quando cheguei cobrou-me perto de 50 libras pelo privilégio da conversa certamente, e ainda queria o troco!! Estes bifes….

Em retrospectiva, devia ter ficado desconfiado quando à chegada havia mais gente atrás do balcão do que à frente mas, ingenuamente, pensei que isso fosse sinal de um a grande investimento na formação (e na multi-culturalidade, que não havia um inglês à vista, só romenas, croatas, paquistaneses e um hindu – já agora, eu sei que hindu não é nacionalidade…) – pedida a chave do meu quarto (felizmente era uma de cartão magnético, deduzi eu como sinal de modernidade) e aí começaram as complicações – o Blakemore Hotel estava em obras de renovação e o elevador a ser remodelado – tinha de ir pelas escadas, passando por 3 portas de segurança que diziam explicitamente em inglês, “Não Abrir. Porta Corta-fogo”. Mas que raio, pensei eu, só se vive uma vez. Abri-as, à medida que ia arrastando o meu trolley sobre uma alcatifa tão fofa que poderia esconder um exército de pigmeus, e cheguei a uma parede, virando à direita para evitar a colisão. Ansioso e expectante, subi as escadas, conforme me fora indicado…

A parte gira é que a escadas tinham o mesmo tipo de inclinação das de um navio cargueiro do século passado, o que, somado ao revestimento hiper-fofo, permitiu que o meu trolley galgasse os 11 degraus (que eu contei-os, sim…) com toda a desenvoltura de um gafanhoto coxo e alcoolizado… Chegado ao topo, e ainda ofegante, dei de caras (literalmente) com a porta da minha suite ali, sozinha no patamar, sem sequer direito a um piso.

Ainda a sorrir entrei… e o sorriso desvaneceu-se como que por magia – lá dentro, num espaço opulento de 2 metros por 4, a minha vista abarcava o que deveria ter sido uma suite e era antes um armário dos fundos, disfarçado de quarto de hotel. Uma cama mínima, um    O super armário... A imagem deitado na cama... A imagem ao entrar... A vista fantástica... armário com arrumação para mais de 6 cabides (bem encostadinhos), uma tv de ultima geração com 4 (!) canais, montada num fascinante suporte giratório em aglomerado de madeira descascada, um jarro para aquecer água, uma tábua de passar a ferro/engomadeira de calças com ferro e, milagre da arrumação, uma completíssima casa de banho (com retrete, lavatório, espelho e duche, tudo num cubinho de 1,50 por 0,60 m!).

De alguma forma, senti-me enganado pois devia estar a pagar qualquer coisa como 100 euros por noite pelo armário do hotel, o que me parecia exagerado. Armado de indignação, dirigi-me à recepção e solicitei um upgrade – disseram-me que sim senhor, mediante uma pequena taxa de cerca de 50 euros/dia, mas só no dia seguinte. Ok, pensei eu, entretanto há-que aproveitar. Era tarde para almoçar no hotel, fui à procura de um típico “english restaurant”, e encontrei, em Queensway… Uma pizzaria!A entrda do WC das estrelas... Porreiro, pá…Retrete + duche = 1 m2Toda a largura da suite...

Bom, encurtando este rol de experiências tão fascinantes como ver tinta secar, assim que a minha menina chegou, à hora do dinner, tudo melhorou, felizmente… (saltar cenas de carácter eventualmente chocante) …pelo que de seguida fomos jantar, para retemperar energias, a um fantástico restaurante tipicamente… grego! Comemos fantasticamente bem algo que se chamava manoptikon ou coisa assim, e era praticamente um cabrito inteiro, assado, no prato com batatas fritas – muito nutritivo e extremamente suculento, recomendo vivamente.

A parte gira foi no regresso ao hotel, onde tentámos partilhar a dita cama feita para anões anorécticos, já povoada por um colchão extremamente fofo (leia-se sem consistência) e temos uma noite perfeita… Ai, ai, as coisas do amor, que só me apercebi que tinha dormido em má posição quando acordei sentado no dia seguinte…

Os passeios dos dias que se seguiram, esses sim, foram excelentes, e incluíram uma visita aMúsicos de Portobello Road Portobello Road, local da mais famosa feira da ladra  de A Ana em Hyde Park...Londres, perto da conhecida Notting Hill, onde desde velharias verdadeiramente inúteis a antiguidades caríssimas se encontrava de tudo, num maralhal incrível de londrinos, turistas e artistas de rua, num colorido impressionante, e logo depois seguimos para o Memorial da Princesa Diana, em Hyde Park, a área verde mais famosa da cidade, com dois enorme lagos, um deles repleto de cisnes, com umas cadeirinhas à volta (a cobrar 1 libra e meia por 2 horas…) e vários mini-jardins lá dentro, onde descansámos um pouco a fazer tempo para visitar a Torre de Londres, (e lá vimos uma representação de alguns acontecimentos dramáticos no tempo de Henrique VIII, bem como as Jóias da Coroa, uma exposição alusiva aos maiores feitos do dito rei, a casa da tortura e outras coisas giríssimas do A belíssima White Tower...cortador de cabeças favorito dos ingleses), depois de termos passado pela London Bridge, e seguindo-se uma noitada (que em Londres acaba perto da meia-noite) em Picadilly Circus, que foram absolutamente inesquecíveis, sempre usando aquele sistema de metro super organizadinho que eles têm – é quase impossívelO arcebispo prestes a patinar... perdermo-nos , tal é o nível da informação disponível em cada esquina. Ainda assim, e como é natural, perdi-me umas 3 vezes…

Em relação a Picadilly, diga-se que nunca tinha visto tanta miúda a aparentar carteira profissional da mais velha profissão do mundo sem (eventualmente) a ter, já que quando as londrinas vão para a night, vão mesmo muito artilhadas – desde rapariguinhas de 12 anos armadas em 18 até quarentonas armadas em miúdas, via-se de tudo, e, A famosa Ponte de Londres...convenhamos, com os cinemas a fazer a última sessão às 21 até era compreensível que as pessoas quisessem beber para esquecer… Muita gente podre de bêbeda, algumas caídas pelo chão, sem que ninguem parecesse afectado com oAna em êxtase - London Tower a 500 metros... espectáculo, clubes nocturnos a abarrotar (por serem os únicos sítios que ainda servem álcool pela noite dentro) e alguma polícia espalhada pelas imediações, não fosse o diabo tecê-las…

Entretanto, não queria deixar passar o facto de que Londres tem carros fantásticos que por cá nunca, ou muito raramente, se vêm – desde Rolls Royce’s Silver Shadows, a Bentley’s GT e Continental R, passando por toda a gama de luxo da Lexus (os Mais um àngulo da Ponte...híbridos todos…), Ferrari’s F-50, Aston Martin’s Vanquish e DB9 e até um Maybach!! (que para quem não sabe é a gama de ultra-luxo da Mercedes) – só não tirei fotos para não parecer ainda mais saloio e turista do que já parecia certamente… Outra coisa de que qualquer pessoa se apercebe é a limpeza geral das ruas, e até do próprio  metro, que é mais sinónimo de civismo nos cidadãos do que de uma eficiente força de serviços camarários. Também de  realçar será o facto de que Londres éPrestes a conhecer o detective mais famoso do mundo... grande. Muito, muito grande, tão grande que nestes dias apenas percorri um décimo da sua superfície e deixei, nessa pequena fracção, muita coisa por ver. Portanto, para quem esteja a pensar visitar, levem as coisinhas que querem ver pensadas em  Portugal e depois corram!

No dia seguinte, voltámos a Picadilly, que à luz sombria e nebulosa de uma manhã londrina tem outro charme, onde visitámos o Museu do “Ripley’s Believe It… Or Not”,  repleto de insólitos e algumas coisas verdadeiramente surpreendentes, como bezerros com duas cabeças, aberrações Eu e a Ana no escritório de Sherlock...humanas, um pedaço enorme do Muro de Berlim, uma casa de pernas para o ar, ilusões de óptica, enigmas ancestrais, meteoritos, casas de espelhos, enfim, de tudo um pouco e com uma portuguesa na bilheteira!!! A cumprimentar o Dr. Watson...

Depois, ainda meio confusos, passeámos  até Baker Street, mais precisamente ao 221-B, onde visitámos o Museu do Sherlock Holmes (esta é, para os leigos, a casa onde se filmaram todos os episódios das séries e onde o escritor Sir Arthur Conan Doyle imaginou o lendário detective a viver…), e onde encontrámos uma loja de merchandising muito gira, montes de adereços da série, espalhados pelos quatro pisos da casa, mais a cave, e um simpatiquíssimo e culto senhor inglês a fazer de Watson e a posar para fotos com os turistas).

Admitidamente foi uma emoção muito maior para a Ana do que para mim, mas não deixou de ser fantástico estar no que era, na realidade, um set/museu de algo tão emblemático como o foi Sherlock Holmes.A Ana é o homem mais alto do mundo...

Um mini cravejado de cristais Swarowsky...Saindo dali, e sem comprar nada, fomos cuscar o London Eye, a maior roda gigante do mundo (bem, cuscar não é o termo certo, é mais “andar no”…), de onde se tem, facilmente, a melhor vista de Londres, com um horizonte repleto de prédios clássicos e ultra-modernos, jardins plenos de vida e animação e uma afluência turística digna de uma das maiores cidades do mundo, bem como uma vista privilegiada para o Big Ben e o Parlamento. A Ana aproveitou para descansar os pés um bocadinho, (que o estilo tem um preço,e no caso dela eram já umas bolhinhas muito fashion), enquanto eu fotografava tudo de lá de cima e ate fiz um pequeno filme a 360 graus, que só não reproduzo aqui por ter ficado pouco nítido…

Lá pertinho, entrámos no Movieum (o Museu do Cinema), com uma exposição O famigerado London Eye...excelente de Beatles, Star Wars e mais coisas giras, em que vendiamEu e um stormtrooper amigo... adereços exclusivos de certos filmes icónicos, bem como células originais de algumas obras primas do cinema, e onde tirei umas fotos excelentes – ah, e nos tiraram mais duas num dos sets original do Episódio IV da “Guerra das Estrelas”, de sabres de luz em punho…). Realmente é um sítio fantástico, sobretudo se são apanhadinhos dos filmes, como eu… Entretanto,  perto da 19, saímos e fomos jantar a Picadilly, finalmente, num verdadeiro restaurante inglês (eu sabia que tinha de haver algum, algures…), com serviço de balcão e mesas, muito estilo pub mas agradável, com um lote de refeições muito em conta – gostava mesmo de me lembrar do no…  E lá voltámos, cabisbaixos, tristonhos, para o hotel de onde nos despedimos para só nos voltarmos a ver… Nem sei bem quando…

O Ruby Princess em todo o seu esplendor... Mais recentemente soube que a minha menina terminou a sua formação na Academia da Steiner, em  Wattford, e ia a caminho do seu primeiro cruzeiro, o Ruby Princess, a jóia da coroa dos navios daquele armador – capacidade para mais de 3 mil alminhas, 5 piscinas, uma delas com corrente simulada, cinema ao ar livre, espectáculos da  Broadway, 2 shoppings, um super spa (em que a Ana vai brilhar, sem dúvida…), enfim, uma cidade flutuante… Deixo-vos aqui algumas imagens do navio, bem como um link para a página da O deck com cinema ao ar livre...Princess Cruises, de forma a permitir que se babem profusamente de inveja…

Deverá ter chegado a Veneza ontem, e irá embarcar muito em breve na sua maiden voyage (dela, na do cruzeiro), e viajar por destinos como Piraeu (Grécia), Barcelona, Lisboa, Funchal, Ponta Delgada e, por último, Fort Lauderdale, na Flórida.  Já agora, nesse último trecho de quase 15 dias no mar, ela atravessará o Triângulo das Bermudas, na época mais profícua de desaparecimentos e ocorrências misteriosas, como luzes submarinas inexplicáveis, fenómenos atmosféricos incompreensíveis e mistérios milenares ligados a tudo, desde a Atlântida, extraterrestres, seitas druídicas, distorções espacio-temporais e até conspirações governamentais.A minha florinha pronta para tudo!

Escusado será dizer que tenho alguma preocupação do que possa acontecer se algum destes fenómenos  se interpuser entre a Ana e os seus planos de futuro – se houver aliens à mistura, não dou muito pela saúde deles, que ela simplesmente não vai permitir interferências de malta encarquilhada de olhos esbugalhados, sem roupa (!), a não ser que tenham pago passagem no Ruby Princess… Quanto aos outros fenómenos, inteligente e cheia de recursos como é, estou certo de que conseguiria contornar quaisquer eventuais dificuldades com o seu sorriso de estrela de cinema e a sua atitude positiva. Já o resto dos passageiros poderá não ter tanta sorte…

Bom, já vos entediei o suficiente… Isto deve ter sido tão giro como tirar um dente do siso mas eu não saberia, os meus não chegaram a nascer!

Abraços e beijinhos!

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Tecnologia da Era Espacial…

Caros leitores, antes de mais, algo de inédito – 2 posts no mesmo mês – o que é simultaneamente cansativo (para vocês) e super animador (para mim, naturalmente)…

Desta vez venho confrontar-vos com o que é, objectivamente, um paradoxo da optimização de recursos humanos e financeiros, e o que poderá, pelo menos à primeira vista, assemelhar-se a uma piada.

Mas não é.

Quando andava uma destas noites com insónias (coisa comum quando não se tem uma conscìência tranquila, segundo dizem…) fazia zapping pelos canais do MEO, que já são perto de 200, creio, em busca desesperada de algo tão absolutamente enfadonho que me enviasse prontamente para a terra dos sonhos…

Qual RTP Memória, qual Hollywood, qual quê, eu estava numa cruzada, meus amigos, eu procurava a GigaShopping TV, o canal das compras, logo_gigashoppingonde se encontra uma miríade de coisas estupidamente úteis (para  alguém, eventualmente) a preços ridiculamente apeteciveis (se de facto formos um desses alguens que as acham estupidamente úteis).

Este canal é algo de inacreditável. Vendem de tudo, caros leitores, mas sobretudo equipamentos de fitness, que, mais ou menos, prometem transformar esses vossos corpinhos de batatas de sofá em autênticas odes aos deuses gregos, fazendo esfumar as banhas e estrias e transformando-as em estéticos six-packs abdominais e sorrisos de um branco glaciar. Sim, porque quando se compra sorri-se muito.

Aliás, essa é outra – o "antes" é sempre com um(a) tipo/tipa tristonho(a), geralmente a preto e branco, ou filmado em película de filme europeu, a tentar um conjunto de coisas lógicas e com resultados fat_guy_car comprovados, mas com uma péssima atitude do género "Eu não tenho paciència nem vontade de me esforçar, caramba, não haverá algo que me ajude a ser ainda mais inútil e preguiçoso?".

E nessa altura surge um "perito", um personal-trainer dos famosos que ninguem conhece, a garantir pela alminha da sua mãe que aquele, meus caros, e somente aquele aparelho, será capaz, com uns quaisquer 5 minutos diários de vos transformar no tal Adónis ou na tal Afrodite em menos de nada – e mais, se em 30 dias não vir diferenças notáveis, até devolvem o seu dinheiro!!!

Claro que aí começa a estabelecer-se a confusão – é que no espaço de uns meros 30 minutos de incredulidade e já quase de telefone na mão, fui bombardeado com o AbRocket, o Power Tonic, o Vibro Shape, o Ab-King Pro e o Leg Magic, qual deles o melhor!

O primeiro foi, curiosamente, desenvolvido pela NASA para combater a perda de massa muscular e óssea dos astronautas que passam longos meses no vácuo, logo super-útil para malta como eu que passa a maior parte do tempo sentada, em frente a um monitor, no planeta Terra. Parecia mesmo bom, pá, sem esforço e tal, 5 minutos… Parecia lógico e ia mesmo ligar quando de repente, tumba, muda para outro.

  

O segundo, o tal Power Tonic, era estilo martelo pneumático, mas sem ruído, para, alegadamente, desfazer os nódulos de gordura mais entranhada (como as nódoas, calculo…), no formato de balança que treme violentamente até vos projectar ao chão, mas com um suporte e um guiador para se agarrarem, se forem mariquinhas. Segundo me apercebi, se isto não desse cabo das gorduras, é porque nós é que tínhamos algum problema. Pelo sorriso das moças esculturais que o usavam pensei, porque não? Porem, antes mesmo de marcar o nº, um senhor com uma voz de profunda ansiedade informava que tinha sido desenvolvido pela Agência Espacial Americana para combater os efeitos… E eu, espera lá, isto soa-me familiar…

  

E arrancou o 3º, enquanto eu matutava, o Vibro Shape, uma daquelas maquinetas estilo vibrador mas em formato de cinto para elefantes, para assentar nas banhas e através de micro-estímulos eléctricos e/ou vibrações, simular exercício físico intenso, mas enquanto se lê, trabalha, vê TV ou joga golfe, aparentemente. Neste já não me enganaram, vi logo que tinha sido desenvolvido pela NASA, mesmo antes da senhora com esgar de Joker o afirmar orgulhosamente. Aguardei pacatamente pelo seguinte…

  

O Ab-King Pro tem a distinção de ser todo ele pensado, criado, desenvolvido e vendido, calculo eu, por um génio, na pessoa de um engenheiro reformado… da NASA, naturalmente, que o imaginou enquanto recuperava de umas festas natalícias que o fizeram perder a invejável forma, típica dos engenheiros aeronáuticos, esses sex simbols da moda…

  

Quando chegámos ao Leg Magic, novamente criação da supra-citada entidade, já eu surfava a página da NASA em busca de explicações para este triste estado de coisas. Em vão percorri o mapa do site, procurando um link que fosse, que me apontasse para o dinheiro que os americanos andam a não-gastar em pesquisa aeronáutica, cerca de 17.3 mil milhões de USD’s, mas sem sucesso…

  

Ou seja, segundo me apercebi, todo o dinheiro do orçamento anual da NASA vai não para o espaço, mas para patrocinar a pesquisa de aparelhos para emagrecer/ficar mais fixe/parecer um deus.

O que até nem é mau, mas que me deixa a pergunta, quem andará então a fazer foguetões?

Amado com o meu indomável epírito inquisitivo, tenho aqui a transcrição, que "puxei" de um site menos reputado, da reunião do Obama, nos primeiros dias de gabinete, com o então responsável da NASA, o Sr. Michael Griffin, que, certamente por causa desta conversa, explica porque foi afastado do lugar, no dia 20 deste mês:

Michael griffin obama1

 

 

 

 

 

"Então, Sr. Griffin, que coisas me conta?"

"Nada de especial, Sr. Presidente, apenas lhe trazia uma prenda de boas vindas à Casa Branca!"

"Que simpático da sua parte, mas não era preciso incomodar-se!"

"Era pois, caso contrário, não lhe poderia mostar… isto!" e levantou a camisa M da Lacoste, que escondia um Vibro Shape de última geração, em pleno trabalho de mata-banhas. Não fosse a forma de silo industrial da antiga barriga do indivíduo, poderia parecer até estar parado, mas as ondas concêntricas que partiam do aparelho como pedras num charco de lípidos náo enganavam…

Obama parecia incrédulo e, tolo, indagou o que era aquilo. Griffin respondeu-lhe, sorridente, com o tal brilho de branco Tide na dentadura, "Isto é o resultado da pesquisa do ano passado, patrocinada pelo seu antecessor, o Sr. Bush – ele valorizava muito o Sonho Americano, e por isso queria continuar magro, mesmo enquanto sonhava – aqui estão 15 biliões de dólares de trabalho e suor, com os meus cumprimentos!" disse ele, nitidamente orgulhoso.

"Mas Sr Griffin, se gastou tudo isso num aparelho de fitness, então quanto sobrou para estudar a forma de irmos a outros planetas, rockets mais eficientes, astrofísica e aeronáutica avançada, física inter-planetária e essas coisas complexas?"

"Não se preocupe, Sr. Presidente, pensámos em tudo. Fizemos out-sourcing a uma firma de fitness portuguesa, um Aqua qualquer coisa, com todos os projectos a serem supervisionados por um génio da engenharia orçamental de lá, um tipo com nome de filósofo cuja designação agora não recordo, mas que dizem ser muito bom – parece que anda a gastar o orçamento de outra coisa qualquer que ele gere no nosso projecto, o que calha bem…" 

"Bom, se é assim, parece-me bem, desde que alguem tenha ficado a gerir o projecto dele, que eu não gosto de coisas deixada a meio, Griffin, lembre-se… "Sim, nós conseguimos!""

"Creio que isso tambem está tratado, Sr. Presidente, ele diz ter feito outsourcing da sua gestão a um venezuelano de meia-idade com pinta de miúdo briguento, que de caminho lhe encomendou uma data de brinquedos com nome de um navegador português."

"Bom nesse caso, fico satisfeito. Entretanto, por ter andado a gastar tanto dinheiro em coisa parvas está despedido, Griffin." Silêncio sepulcral… "Mas deixe o coiso que treme, que isso é giro, e sempre é capaz de entreter o meu antecessor em casa, em vez de continuar a ser um embaraço para o povo americano, da cada vez que abre a boca em público."

E tudo acabou assim, lamentavelmente.

Agora só me resta descobrir que será esse génio orçamental lusitano, e o tal miúdo briguento da América do Sul… Esperto como sou não hei-de demorar muito a chegar lá, espero, é só desligar o GigaShopping por um momento e vou fazer uma busca ao Google…

Humm… Navegador português…

Já sei!!! O Jaime Gama!!!

Fiquem bem… 🙂

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A Morte da Vergonha

Caros amigos, bem vindos a mais um ano, em que certamente descobriremos que o anterior foi espantosamente positivo comparado com o actual e em que, sem margem para dúvidas, novas e sofridas agruras virão ao nosso encontro, como mosquitos em para-brisas numa noite de verão.

Com esta arrancada por demais positivas, vamos falar de coisas sérias, ou não, dependendo do ponto de vista.

O ano de 2008 foi uma coisa simplesmente espantosa em termos puramente pragmáticos, senão vejam:

  • a crise financeira estoirou nos EUA, a cerca de 5400 Km; por cá, apesar de longe, levámos todos porrada que fartou à mesma…
  • por cá o processo Casa Pia entrou em alegações finais em Junho; estamos em 2009 e elas continuam…
  • as velhas lutas continuam, entre Rússia e EUA, com Medvedev a russia-vs-us_VAqZr_17026 anunciar a construção de novos mísseis nucleares inter-continentais; nos EUA, em resposta, elegeram Barack Obama para presidente…
  • o presidente português, Prof. Aníbal Cavaco Silva descobriu o poder de veto e detem neste momento o recorde do Guiness ao exercê-lo todas as quintas-feiras do ano transacto, após a conversa semanal com José Sócrates; em contraponto, José Sócrates detem o recorde do Primeiro Ministro que se está mais nas tintas para um PR, ao se limitar a reapresentar todas as propostas de leis ao parlamento, TC e afins, até vencer Cavaco Silva pelo cansaço…
  • justice_statue o Porto deixa de ser uma nação, passando a chamar-se corrupção, com Pinto da Costa e Valentim Loureiro no banco dos réus; em compensação, no caso Maddie, os pais sairam do banco dos réus e colocaram lá, por troca directa, Portugal inteiro…
  • sem haver alterações nas reservas de petróleo mundiais, em Portugal o gasóleo variou entre 1,34 e 0,86 euros; no outro extremo da incredulidade, o ordenado do administrador do grupo BCP, Jardim Gonçalves, variou entre 18500 e 79000 euros mensais, sem haver alterações de capacidade ou valor do mesmo…
  • numa batalha de siglas, o LHC (Large Hadron Collider) teve o seu primeiro teste, e o mundo, inacreditavelmente, não acabou; já o HAARP (High Frequency Aurora Research Project), vá-se lá saber como, ainda nem foi testado conclusivamente e o mundo já parece estar à beira do fim…
  • José Sócrates foi eleito um dos homens mais charmosos do mundo, à frente de Brad Pitt; Brad Pitt, por sua vez, foi eleito o homem que mais adora crianças do mundo, à frente de Carlos Cruz…manoeljurassic_park_movie_image_t_rex__1_
  • Morreu Michael Crichton, criador de obras literárias como "Parque Jurássico"; ainda assim, uma das criaturas desse livro, Manoel de Oliveira, continua vivo, há mais de 65 mihões de anos…
  • Ana Malhoa deixou de ser a nº1 de pesquisa no motor de busca Sapo; sem qualquer relação, os computadores do parlamento deixaram, desde o início de 2008, de permitir o acesso a sites de conteúdo adulto…
  • Alegadamente, a crise em Portugal é única e exclusivamente michael mcgurk photo-illo causada pela conjuntura internacional e pelos governos anteriores; graças a esta conclusão, da autoria do actual governo, os portugueses estão dispensados de ir votar novamente, uma vez que perdidos por um , perdidos por mil (e sempre dá tempo aos políticos actuais para encher os bolsos mais uns tempitos…)
  • o meu blog foi visto por mais de 100 milhões de visitantes únicos; lamentavelmente, fiz o "reset" do contador e perderam-se as provas…

Isto é apenas um suave apanhado do bouquet que se compôs durante todo o ano de 2008, com situações que alternaram entre o hilariante e o gritante, entre o júbilo e a mágoa profunda, entre a comédia e o drama, mais vezes do que se pode contar…

O maior problema, verJesus_returnsificado por incontáveis sondagens dos vários centros nacionais (INE, MarkTest, Católica, Café do Senhor Alfredo…), é que a credulidade dos portugueses está em baixa histórica, sendo que já apenas 1 em cada 100.000 tugas acredita na 2ª vinda de Cristo, e  esses cerca de 100 iludidos estão todos na bancada do PS. Comparativamente, 45% dos inquiridos revelou que votaria novamente em José Sócrates e amigos, não mencionando no entanto que os pontos das lobotomias a que foram submetidos ainda não tinham fechado.

No campo das perspectivas de futuro, a esmagadora maioria dos pc_magalhaes_5 portugueses (90%) acredita ou espera vir a ter uma. Desses, apenas 1% percebeu o que quer dizer "futuro", uma vez que os restantes estão abrangidos pelo novo programa educativo, que vai passando os alunos até os mesmo pedirem para chumbar.

Em relação à precaridade laboral, mais de metade da amostra contactada revelou incerteza, uma vez que a palavra "desemprego" não fazia parte da pergunta. Ainda assim, quase todos garantiram que se tinha a ver com idade devia ser mau, e como tal estavam contra.

Questionados sobre o que esperam para 2009, as estatísticas são como segue:

  1. 78% – 2009? (a resposta incluia o ponto de interrogação)
  2. 16% – 2008 mas pior
  3. 4%   – 2010 (inquiridos prestes a entrar para hibernação)
  4. 2%   – Não sabem contar ou não respondem por medo

Convenhamos que é animador 🙂

Como é o primeiro post do ano, e porque realmente não é dos textos com maior comicidade que já escrevi, despeço-me sem mais delongas, com a certeza de que será o melhor 2009 de sempre, e que todos os vossos sonhos se relizem (desde que não interfiram com os meus, claro está)…

Fiquem bem.

Em tom de despedida, deixo-vos um vídeo com uma metáfora deliciosa: imaginem que O. J. Simpson (o actor negro do clip) foi o comum tuga ao longo de 2008…

 
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Morangos Rebeldes e Professores Chanfrados

Caros leitores, o tema deste post, para além de vir desfasado da realidade em termos cronológicos, vem tambem ligeiramente fora de época para com a regularidade habitual deste espaço.

Por ambas as situações, deixo aqui a minha profunda e sentida indiferença – afinal de contas, não é como se pagassem para ler isto, logo está-se bem 🙂

Conforme se devem ter apercebido, a demagogia de hoje debruça-se sobre ao actual estado de coisas no generation gap nacional, cada vez mais vincado, e no crescente movimento de indignação causado pelo que se intitula de ensino nos dias de hoje.generation_gap

Eu quero desde já admitir aqui que não fiz virtualmente qualquer pesquisa e que, como a maioria dos portugueses, recebo as minhas informações directamente da fonte, a tv. Ocasionalmente folheio pasquins, mas apenas com objectivos lúdicos, ou em busca das palavras cruzadas ou cartoon do dia.

Ou seja, os dados mencionados podem estar, ou não, apoiados numa qualquer realidade estatística (que posso desconhecer), mas não são menos verdade por isso. A tv ditou e eu prestei atenção. Mas para apimentar as coisas, resolvi transformar isto numa sessáo do Jogo da Verdade, com direito a explicação da resposta 🙂

Assim sendo, quero começar por felicitar o governo por não ceder uma vírgula contra esses parasitas da sociedade que são os professores. Todos e quaisquer que sejam, lecionando ou não, com ou sem cátedra. Professores em geral. O próprio nome indica alguem que professa, que pela semelhança com profeta, é por si só deveras arrogante e ofensivo, e deveria ser digno de suspeita e escárnio (no mínimo) ou humilhação e apedrejamento públicos (no máximo).

É… Mentira. O professor deveria ser objecto do mesmo respeito que os alunos têm aos pais – um aluno que não respeita os pais não vai certamente respeitar os professores. Mas atenção, respeito e medo são coisas muito diferentes.

Como todos sabem, os professores são pessoas que nunca aprenderam a trabalhar e, como tal, foram para o ensino, (quem nunca ouviu "Quem sabe faz, quem não sabe ensina"?)de forma a toldarem as vistas de quem manda, fazendo-se mais importantes do que são, grangeando um imerecido respeito, mercê do título que precede os fracos nomes que possuem.

É… Mentira. O professor é a base da relação que o jovem vai ter com a 101207_professor aprendizagem, e minar o seu estatuto é minar a própria capacidade do aluno de aprender e elaborar o seu próprio raciocínio crítico. Diminuir o professor é fazer pouco da educação, por isso não se pode exigir que os alunos depois a tenham ou a demonstrem.

O professor é uma criatura mesquinha, da família das baratas, que teima em confundir as mentes das crianças com pedagogias confusas, sistemas obsoletos e matérias desinteressantes, obrigando as mesmas a recorrerem a dispendiosos explicadores para conseguirem o aproveitamento mínimo, e chegando por vezes ao extremo sádico de impedir a progressão mais que merecida dos jovens, no seu rumo a uma inevitável vida de sucesso.

É… Mentira. Os professores são confrontados, ano após ano, com novos programas, cada vez mais extensos, por exigências ministeriais, frequentam seminários, fazem cursos de aprimoramento das vertentes pedagógicas, tudo para melhorar a qualidade do ensino numa época em que cada vez se quer fazer mais com menos tempo, sendo o objectivo último desta estratégia a apresentação de quotas de aproveitamento escolar equiparadas às comunitárias, a qualquer custo, que incluem passagens mandatórias, administrativas e até pressões pelo grupos que avaliam o docente.

O professor (tambem denominado de Terrorista do Ensino, Hitler das Escolas ou Carraça da Educação) é permanentemente confrontado com formas novas de ensinar mas recusa-se, sistematicamente, a aplicá-las, não vá o novo esquema afectar o cuidadoso sistema de aulas pré-preparadas que guarda desde o 1º ano que lecionou, e qual lhe permite trabalhar apenas meia dúzia de horas por semana (vá, uma dúzia), gozar todas as férias lectivas (que são para cima de muitas) e ainda as estivais, pasme-se!!!

professora É… Mentira. O professor raramente tem tempo para acabar o programa do ano, dada a vasta lista de alterações propostas no ano anterior, lida com manuais recomendados na óptica do interesse das editoras, e fora as 20 a 25 horas semanais de aulas (sem contar com aulas de substituição, estudo acompanhado, área de projecto e actividades extra-curriculares não remuneradas) ainda tem de preparar as aulas, criar e corrigir testes adequados aos alunos, estar disponível para esclarecimentos a alunos e pais, acompanhar os alunos em visitas de estudo, que podem até ser ao fim-de-semana, e, segundo o actual plano, ser animador cultural e promotor do "Magalhães", com férias lectivas plenas de reuniões de turma, pedagógicas e outras e somente o mês de Agosto como intervalo.

Para culminar este chorrilho de defeitos merecedores de castração no pelourinho, recebem regiamente, como se de facto trabalhassem, e, senhores doutores que são, recusam-se terminantemente a ser avaliados, sistema justérrimo proposto pelo governo, de forma a separar o trigo do joio, o bom professor (existirá de facto?) do reles e comum verme intestinal que é, obviamente, a larga maioria…

É… Mentira. Os professores que recebem um valor vagamente equiparado às agruras que sofreram e ao desgaste psicológico que suportaram, estão em fim de carreira e pertencem já a uma geração na reforma ou pré-reforma. Os actuais, por entre depressões e baixas psiquiátricas, terão uma progressão dependente não de parâmetros objectivos, como a qualidade de ensino, que sempre existiram no antigo modelo de avaliação, mas sim de factores como as notas dos alunos, o que propiciará o facilitismo para ser bem avaliado, ou a opinião dos pais sobre o seu desempenho, altamente subjectivo e o equivalente táctico a pôr Israelitas a zelar pelo bom funcionamento das insituições palestinianas.

E esta, meu amigos, é, em termos gerais e muito pouco exagerados, a imagem vendida pelo Ministério da Educação, na pessoa da Mui Ilustre Senhora Ministra Cujo-Nome-Não-Se-Pode-Mencionar (porque o mau olhado espreita em cada esquina da net…), e repetida em cada escola, em cada reunião de associações de pais, em cada cantina, e depois espalhada pelo país, com a conivência tácita da comunicação social, até criar o processo de crescente insatisfação da educação em Portugal.

Porque, lamentavelmente, ninguem quis jogar este jogo e só ouviram as afirmações. Ser verdade ou mentira foi irrelevante.

professor Por razões pessoais, sei bem que a percentagem de verdade das frases a laranja que escrevi acima é desprezável, de tão ínfima. Mas isto não só porque conheço a realidade de ser professor, porque o fui, porque privei com muitos, mas tambem porque ainda fui aluno numa altura em que o professor era respeitado, e já fui professor numa fase em que não mais o era, mas sobretudo, caros leitores, porque aprendi em tenra idade a questionar os pressupostos assumidos, a duvidar as certezas da sabedoria popular, a analisar os aforismos e a circundar as críticas cegas, para ver o que escondiam por detrás da mandíbula forrada a preconceitos afiados.

Mas o que eu sei é indiferente para o comum tuga, que cada vez mais, de tanta informação que o cerca, se vê reduzido, por razões logísticas, a ler "as gordas", a conhecer cada tema como um seixo atirado conhece o lago em que resvala, e a achar que o mundo é a sombra na parede da caverna…

Admito, é difícil ser pai, nos dias que correm, contactar diariamente com o fantasma do insucesso escolar e não ter a tendência, admitidamente natural, de apontar o dedo para todos os lados menos a si ou aos filhos, sendo que os professores são o equivalente balístico a um alvo do tamanho de um celeiro, restando à educação que começa em casa, a grandiosidade de uma gotícula de orvalho nas costas de um ácaro.

ferreiraleite_piscaolhoMas tambem era bom que a opinião Gisellepública em geral  admitisse que o professor do mundo real tem tanto em comum com o dos media como a Giselle Bundchen tem com Manuela Ferreira Leite – os cromossomas estão lá, mas os cromos de uma são infinitamente diferentes dos somas da outra…

Não quero aqui dizer que só eu vejo em terra de cegos, que felizmente não é o caso, e muito triste seria se assim fosse, mas por vezes a verdade é um lugar solitário, sem amenidades nem água corrente, que nos força a ceder do que temos para mendigar sobrevivência onde ela prolifera, no reino de quem manda e decide.

Seria por demais fácil cair numa acintosidade igual à da crítica social e apontar o dedo ao governo, aos ministros, aos secretários de estado, a DRELs, DRENs e outras DREs, e continuar a seguir o percurso do martelo que, tombando, bate cada vez mais forte, até que no fim da sua luta inglória com a gravidade, o maior lesado é o mais fraco elo da cadeia, o crítico, o professor.

Mas por isso mesmo deixo as críticas para o bom senso, e sigo para bingo…

O que nos trás ao tema dos alunos, esses grandes lesados do sistema de ensino (novamente segundo os media), que acabam por não saber o que fazer com o pouco tempo que lhes é dado para decidir o que querem ser quando, um dia, crescerem…

O aluno hoje em dia é permanentemente objecto de análise, pelos pais, pelos professores, pelos psicólogos, pelos explicadores, pelas associações de jovens, pelas grupos a que pertencem, pelos seus pares e, invariavelmente, pelos meios de comunicação social…

tiago27 O jovem da Geração Morangos (ou Rebelde Way, depende se tem crista ou cabelo à Pin-y-Pon) é uma amálgama de contradições, como todos os jovens antes dele o foram, mas de uma forma aprimorada, elevando a novos patamares a futilidade da juventude ser desperdiçada nos jovens…

Este jovem é, por definição, o ultimate fashion victim, ou em português corrente, uma casca vazia de originalidade. Ele sente a necessidade absoluta de pertencer a um grupo, de possuir uma etiqueta pessoal que o identifique para além das marcas que exibe orgulhosamente, conquistadas com muito suor pelos pais, de forma a sustentar a presença do dito indivíduo juntos dos seus colegas, "amigos" e afins.

Este futuramente (espera-se) útil membro da socidade, precisa de saber  a que geração Sumol pertence, se é beto, rapper, tigresa, dread, rasta, grunge, skater, beebop, rockabilly, gótico, emo, punk, surfer, (já disse beto?), badboy ou simplesmente parvo… E digo-vos, não é nada fácil, sobretudo se em casa não existe controlo – o jovem pode facilmente navegar por entre todos estes grupos, em busca da sua identidade cultural (ou falta dela), com gastos incomportáveis para os pais em roupa, maquilhage235m e acessórios – e, surpresa das surpresas, no meio de tanta preocupação de integração social, o estudo é capaz de sofrer qualquer coisinha…

Esta imagem rebelde é de uma vacuidade atroz, sobretudo se pensarmos que para ser rebelde é preciso sê-lo contra alguma instituição, governo ou ditadura – mas o 25 de Abril já lá vai, vivemos em democracia, a qualidade de vida nunca foi tão elevada, o acesso a bens de consumo tecnológicos está em máximos históricos, o poder destes jovens sobre os pais é total – "dá-me já porque todos tèm menos eu, porque senão conto que me violas, porque senão grito até vir a SIC, porque senão mato-me e ficas a sentir-te culpado a vida toda, porque quem manda aqui sou eu"… Logo, rebeldes contra quê?

Só se for contra os professores, que os impedem de estar permanentemente no intervalo e passarem já de ano… Esses pulhas, eles que me tocassem no telemóvel que eu lhes dizia…

É certo que até James Dean foi rebelde sem uma causa, mas era um filme, que diabos, uma metáfora para uma juventude perdida e sem rumo – mas hoje, o que não falta são rumos, o que falta são timoneiros… Pais, dêem um passo à frente. Mostrem-lhes os limites, e ajudem-nos a descobrir o seu próprio caminho.

E fica para outra divagação a geração que está a ser "gerida" pelo pais, a dos futuros futebolistas, actores e actrizes, modelos e apresentadores de televisão, cantores e cantoras, e celebridades em geral, que optaram pela via profissionalizante, se assim se pode dizer… Porquê estudar quando se pode ter muito mais, por muito menos?

A todos o meu bem haja pela vossa paciência e uma excelente noite.

Fiquem bem 🙂

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Os Genéricos são a solução

Caros bloggers, está a querer parecer-me que tive mais uma das minhas patenteadas revelações aquando de uma passagem mais demorada pelo vale dos lençóis.

Apesar do que o título possa inspirar em vós, não se trata de qualquer diatribe vacuosa sobre medicamentos ou sobre o papel cada vez mais risível do Infarmed nas nossas vidas biológicas.

Pois, vou antes falar do poder das molduras e dos normativos sociais e morais que teimam em querer regular as nossas vidas.

Já repararam certamente que nenhum relacionamento afectivo com outro ser (vamos limitar aos humanos, aqui, por razões de espaço…) está isento de ser opinado pela sociedade circundante, num misto de rótulo-mágico com ignorância engarrafada.

Eu exemplifico, para os que ainda não estão lá…

Imaginem que conheceram alguem, que as coisas por uma irónica volta manwomanbed_450x300 do destino duraram mais de uma noite, e que há algo a ser interpretado.

De repente, aquele ser que partilhou convosco algumas horas (sejamos optimistas…) especiais reveste-se de uma nova e aliciante característica: a não-transitoriedade-imediata, ou, em termos politicamente correctos, tornou-se não-reciclável e/ou descartável.

E agora?

Mandam os bons costumes que se ligue no dia seguinte, com uma qualquer desculpa esfarrapada (para não dar parte de fraco, claro…), como um item esquecido na casa do individuo que forneceu o espaço para o fortuitismo, ou até o menos clássico "Estou com uma comichão esquisita na zona das virilhas… Tens algo para me dizer?". Naturalmente que este último poderá ter menos sucesso na cativação da outra pessoa que o primeiro…

Mas isto, claro, apenas para esconder que queremos estar com a pessoa novamente, pior!, que ela nos marcou positivamente de tal forma que nos sentimos compelidos a ceder a vantagem de jogar em casa e ligámos nós!!

Aliás, se entrássemos aqui neste género de assuntos, muita tinta tinha de correr sobre os jogos de sedução que se praticam desde o tempo da Guerra do Fogo (do saudoso Jean-Jacques Annaud…), em que ambas as partes se degladiam com esquemas retorcidos em que se diz o que se mostra necessário para parecer bem, mal, interessado, desinteressado, excitado, com dor de cabeça, feliz ou amuado, consoante a relação o determine, sob pena da mesma perder o charme, ou pior, cair na rotina dos casamentos.

Observem este vídeo ilustrativo dos bem menos complexos rituais de acasalamento da pré-história, e já continuamos…

Nos casos dos casais dos dias de hoje que utiilizam os actuais recursos estilísticos, a vida é um jogo constante, em que não se pode ceder terreno, mesmo que isso implique magoar, ferir ou mentir despudoradamente, uma vez que o resultado em caso de mau desempenho nessas tarefas é a outra pessoa ganhar primazia sobre nós e dominar a relação.

Confrontamo-nos então com o dilema da grande maioria dos relacionamentos amorosos: se dissermos verdadeiramente o que sentimos estamos a expor-nos desnecessariamente a várias mazelas nefastas, como o escárnio, a chacota, o insulto, a indiferença ou, ainda mais grave, a não-reciprocidade.

Mas, perguntar-me-ão vocês, pobres imberbes, se o nosso ego depende deste jogo, que hipótese teremos nós senão jogá-lo?

Pois bem, surpresa, não temos. De todo. Mesmo. A sério a sério.

Está comprovadérrimo que é perfeitamente possível (ainda que  cheatingwomenestatisticamente improvável, tal como a possibilidade de vos sair o EuroMilhões seis semanas seguidas…) que encontrem alguem que não joga, não por não saber, mas por sentir que o jogo é uma arte extenuante, sem sentido, com maus resultados, e que exaure sem excitar, que dirime sem divertir.

Essa pessoa especial poderá, hipoteticamente falando, detectar no vosso semblante a mesma intenção. Nesse momento mágico, similar em espectacularidade à destruição do Anel de Sauron nas fornalhas de Mount Doom, uma energia infinita transformará o vosso cinismo empedernido num optimismo irritante, que não só vos permitirá entregarem-se verdadeiramente como garantirá a reciprocidade desse poderoso sentimento.

E tudo graças ao poder curativo da verdade, do ser genuíno, da negação do jogo.

Não mais terão de pensar o que quererá ela ouvir, o que pensará ela de facto do vosso gosto para roupas, o que sentirá ela quando se amam apaixonadamente num descampado…

TellTheTruth Vocês saberão, porque ela, meus amigos vai dizer-vos, mas mais importante, vai mostrar-vos, vai permitir que o leiam nos seus olhos, gestos e semblante, na atitude e na voz, na postura e no sorriso.

A vida a dois é uma das coisas mais complicadas que existem, admitidamente, mas quando resulta, seja com que fórmula for, sem prejuízo da felicidade de ambos, é um milagre do canudo…

E isso trás-nos ao nosso tema.

Quando alguem se encontra nesta situação, o mundo teima em tentar enquadrar-nos numa qualquer categoria, para que as mentes mais conservadoras se sintam minimamente confortáveis (nada é tão desagradável como o que não tem nome…), e essas categorias são-nos eminentemente familiares. Passo a demonstrar:

    1. Curte – Cena manhosa que não é nem deixa de ser, não obriga a grandes cuidados de manutenção, é auto-sustentada pela fome transitória que ambos têm um do outro. Há muita adrenalina, muito suor, muito contacto, muita respiração ofegante – como no rugby, mas ganham os dois. Dura geralmente pouco (dias, semanas…) sob pena de se tornar o nº2.
    2. Namoro – Aqui as coisas já piam mais fino, as mãos andam dadas com mais frequência, galam-se pelo telefone, por sms, por mail, trocam-se bilhetinhos, há vontade de estar com mesmo sem a possibilidade de uma valente queca. Pode durar algum tempo (semanas, meses, anos…) e, se a situação não destrambelhar em algo de piorzito, nalguns casos evolui (ou involui, depende da perspectiva…) para o nº3.
    3. Noivado – Neste momento há já o equivalente a um contratomarriage verbal, com troca de sinal, geralmente de material ferroso e  brilhante, que garante, à partida, a materialização futura (mas nunca muito distante) do passo seguinte, o nº4. Este período é geralmente acompanhado de suores frios e noites passadas em claro, mas não pelas mesmas razões dos felizes ignorantes da classe 1…
    4. Casamento – O melhor, ou pior, aconteceu. As duas partes resolveram assumir perante o mundo (nalguns casos tambem perante o Deus da sua predileção) que pretendem ser apenas uma parte, e que ficam contratualmente autorizadas a procriar, sem qualquer tipo de controle, com o objectivo final de deixarem uma prole de fazer inveja a qualquer profeta do antigo testamento. Quando tal não acontece, a sociedade escrutiniza o casal e inquere sobre a razão de tal infortúnio. Se tal for voluntário, a dita família social repreende-os severamente. Se não, sugere alternativas, como a adopção, a inseminação artificial ou o suicídio. Este estado pode durar uma vida inteira, alegadamente, caso em que o primeiro que morrer ganha o jogo.
    5. Divórcio – Inexplicavelmente, apesar do clima de alegria e falta de pressões e expectativas irrealistas do nº4, por vezes a situação transforma-se em algo de irreversivelmente insustentável e ambas as partes resolovem minimizar as perdas e fugir para as montanhas, geralmente em direcçóes  opostas. Quando tal acontece após a procriaçáo, a prole tende a ter de acompanhar um dos contemplados nesse êxodo ism virtual, sob pena de perderem as vantagen económicas associadas à pensão de alimentos. Quando, pelo contrário, não houve incremento de massa humana, os felizes separados têm apenas de dividir o espólio dos tempos da guerra (nº4) e das negociações iniciais (nºs2 e 3). Este estado tambem pode durar a vida inteira, mas com muitos casos reportados de criminosa reincidência do nº4 (uma espécie de Alzheimer que só ataca o senso-comum afectivo).

Ou seja, segundo as regras do jogo, impostas ao longo de milénios pela sociedade, se não estivermos numa destas situaçóes estamos a viver à margem da moldura "penal", por assim dizer, das relações, ditas, normais.

Excluí deliberadamente as unióes de facto, as poligâmicas, as com animais, as incestuosas e as de fantasia, por isso não aceito reclamações.

Mas voltando ao assunto, e quem não se revir nestas categorias?

Pois bem, eu proponho um estado alternativo, que substitui todos os anteriores, o RG, ou Relação Genérica.

Caracteriza-se pelos seguintes sinais:

  1. Felicidade em full-time
  2. As discussões não são monstros nem tabus
  3. O que houver para dizer diz-se
  4. O que houver para sentir sente-se
  5. Pode-se sentir saudades e dizê-lo abertamente
  6. Pode-se não sentir e não ter que mentir
  7. Mentir é uma perda de tempo
  8. Está-se quando se quer estar
  9. Os amigos não são varridos para debaixo do tapete
  10. Os ciúmes injustificados são uma piroseira atroz

E é tão simples como isto.

Claro que há algumas nuances importantes, como encontrar alguem que de facto alinhe no esquema, mas tirando esse detalhe de somenos importância, certamente que, com estas dicas encontrarão tambem o vosso quinhão de paraíso.

E digo tambem, caros leitores, porque pela minha parte, sinto que já lá estou. Um comprometimento descomprometido, uma constante inconstância e uma previsível surpresa dia após dia.

Sem stresses nem pressões, sem exigências nem obrigações, sem molduras nem enquadramentos (legais ou outros).

Parece bom demais? Mas não é, é apenas melhor a cada dia que passa, ao contrário de outras relaçóes da concorrência, que teimam em perder qualidade com o avançar da carruagem…

Vivam mais. Mintam menos. Amem muito.

Genéricos forever 🙂

Apreciem o poder libertador da sinceridade e fiquem bem…

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Pode-se fazer… Mas é proibido

Caros leitores, após uma longa sabática, que incluiu umas merecidas férias num afamado empreendimento hoteleiro na Madeira  (das quais podem consultar algumas fotos no hi5), eis-me de regresso a "este doce país que é Portugal, pequeno na Europa, grande e dilatado nos outros continentes" (prémios para quem souber de quem é esta pérola).

O tema de hoje é deveras bipolar, susceptível de reflexão fácil mas de conclusão difícil, e tem duas modalidades (como convém), uma de cariz sério e pesadote, e outra, de menor peso neuronal e até, atrevo-me a dizer, algum humor.

Como sei que são pessoas ocupadas, direcciono-vos já para o da vossa preferência: se querem ranger os dentes, leiam o primeiro (identificado de forma arbitrária por mim como 1), se preferirem sorrir experimentem o segundo (abaixo descrito como deux).

Em alternativa, se sofrererm de esquizofrenia ou outro tipo de perturbação esquizóide, recomendo-vos a leitura de ambos, por ordem ou não, sendo que para os mais Marcelos de entre vós parece de indicar o visionamento alternado, na diagonal, no intervalo entre uma romance proustiano e um livro de memórias políticas – dizem que estes textos vão bem com vinho branco e uma lagosta suada. 

Exaurido o prefácio, e a paciência dos leitores, vamos a coisas sérias.

1

Como todos se devem ter apercebido, Portugal deixou de vez a infância da República e a adolescência do Comunismo incipiente da Abrilada, para entrar de peito feito na idade adulta de verdadeiro país desenvolvido (mas de 3º mundo, ainda assim, que precoces, precoces, mas com juizo…).

irresponsible Nestas últimas semanas, o banditismo (organizado, pro, semi-profissional, amador e associativo dançares e cantares) descobriu o que já todos sabíamos mas tínhamos medo de proferir: a segurança nacional e o sistema penal são como meninos de coro a fugir do Bibi. 

Desde assaltos a bancos (mal sucedidos), com reféns, com negociadores, com snipers, com o G.O.E. em peso a rodear uma xafarica, com ordens de atirar a matar, passando por assaltos melhor sucedidos a gasolineiras, ourivesarias (com mortos e feridos), a mais bancos, a farmácias, a uma carrinha da Prosegur (trabalho muito elogiado pelas forças de segurança que o classificaram de "muito bem executado e profissional"), culminando ontem no homicídio do presidente do grupo internacional "Os Mosqueteiros" e "Intermarché", Portugal tem vivido numa lufa-lufa de crime violento.

A comunicação social fez o seu papel, mostrando a todos que não existe segurança, que a actuação da polícia é ineficiente (e em muitos 04_chop_sueycasos tambem insuficiente), que o Ministério da Adminsitração Interna anda a ver passar comboios (que esses os bandidos ainda não  assaltaram), que o nosso Primeiro é omisso e taciturno, e que o PR ainda está a fazer a digestão dos jogos olímpicos (que esta fartura de medalhas que trouxemos de lá caiu mal com o Chop-Suey de Gambas e Caril…).

Ou seja, a comunicação fez o que faz de melhor: criou mais alarmismo, mais pânico, mais medo, mais desconfiança, mais ansiedade e mais stress em todos os portugueses – afinal de contas, se vende jornais e espaços publicitários nos intervalos do telejornal, não podemos ver isto como uma coisa má…

lavriccartoonjoey Responsabilidade social da imprensa?

Foi de férias para um qualquer destino paradisíaco e só volta se encontrarem a Maddie a limpar o sebo aos pais com uma máscara de hóquei.

Prescisão do sensacionalismo barato em contraponto com o jornalismo de investigação rigoroso?

Temos rigor, mas está a levar porrada nas traseiras de uma escola, que os "bullies" das audiências não fazem férias lectivas.

Assim, temos, neste momento, o maior número de crimes violentos num mês desde sempre (se excluirmos os séculos da conquista do Condado, e mesmo esses tinham mais correcção…), e, como tal, vários peritos, dos mais variados campos da vida social e política, sairam dos seus apartamentos em condomínios privados para explicarem às massas (dita ralé) as razões para este triste estado de coisas.

Ora escolheram a visão social (injustiças, desigualdades, aumento do custo de vida, taxa de desemprego, precariedade do núcleo familiar, nível médio de escolaridade…), ora a política (deficiente atenção dada pelo M.A.I. à criminalidade violenta, poucos fundos assignados às forças policiais, permissividade da legislação, código penal pouco coercivo…) até à análise do trabalhos das polícias (falta de coordenação, de meios, de efectivos, de formação…).

Não ouvi, até à data, nenhum dito perito apontar baterias para a verdadeira causa. Nem unzinho.

Sabem, em 1953, perguntaram a Sir. Edmund Hillary porque motivo teimava em querer escalar o Everest e ele explicou placidamente "Porque ele está lá. ("Because it’s there", no original)"

Essa é, de uma forma metafórica, a causa deste incremento inusitado de criminalidade violenta no nosso pequeno cantinho da Europa: porque se pode.

Pode-se por todas as razões dos peritos, e por mais algumas, mas sobretudo porque no nosso país existe um sentimento prevalente de impunidade, em que o comum cidadão tem mais a temer do seu Estado do que o criminoso, que ora escapa pelas malhas do sistema, (que conhece como ninguem), ora recebe penas de tal forma desajustadas pandorado delito que só apetece mesmo dizer que o crime compensa…

E os criminosos acordaram agora para esta verdade – e como Caixa de  Pandora, uma vez aberta, não há força no mundo que a feche, só a podemos (quanto muito) acorrentar um pouco, a ver se saem menos monstros de lá de dentro… 

Ou seja, pode-se fazer?

Pode.

Mas é proibido?

É.

E o que lhes acontece?

Nada.

O R.A.P. é que a sabe toda, é um visionário…

Mas animemo-nos, que não são tudo tristezas…

2 (deux)

Andam a circular pelas nossas televisões uns belíssimos anúncios que, de alguma forma, subscrevo, na tal óptica da dualidade e complementaridade, a tal noção bipolar que só o marketing engenhoso consegue revelar no seu melhor.

Caso ainda não tenham visto, vai aqui o 1º spot (em português "mancha", o que é por demais apropriado), do detergente para roupa Skip.

Apreciem e já conversamos.

Entenderam a mensagem? Certamente que sim. Afinal de contas não é difícil, é mais uma daquelas que é feita de encomenda para a Geração Morangos (futuramente a Geração Rebelde… esperem para ver).

Ou seja, os pais (mais as mães, convenhamos…) são castradores e teimam em dar cabo do juizo aos meninos para que não se sujem, para que sejam atinados, que as roupas de marca dão-se mal na gravilha e na madeira do half-pipe, quando afinal estão apenas a ser crianças, que diabos!

E toda a criança tem como direito universal sujar-se (segundo a Skip, GIBI_CASCAO que eu andei a reler a Declaração de Direitos Universais do Pirralho e não vi nada que se assemelhasse, mas deve ser da minha idade avançada…).

Mais, não só tem direito como é bom.

Aliás, é mesmo recomendado pelas principais marcas de máquinas.

E quem são os pais para contrariar a Whirlpool, a Zanussi ou a Ariston?

Ninguem, obviamente.

Na sequência deste anúncio despesista mas a apelar ao Gepeto que há em todos nós, vem um outro com uma mensagem irrevogavelmente antagónica (à partida pelo menos) mas indubitavelmente mais ecológica.

É de um sumo de frutas tão fresco, mas tão fesco que tira mesmo o calor do corpo da pessoa. Alegadamente.

Observem. Faço perguntas logo de seguida.

Viram bem a mensagem? A Compal é que a sabe toda. Qual Protocolo de Kyoto, qual quê – o aquecimento global combate-se é de garrafinha de sumo em riste, e o calor que se cuide!

Em termos gerais, a parte realmente engraçada vem naquela brilhante sequência de falácias semi-admissíveis, em que se diz que "se suas menos, tomas menos banhos", ou, por outras palavras, só se toma banhos se se suar mais, o que faz dos que o tomam com mais regularidade (fora desta lei inabalável do suar…) uns irresponsáveis, directamente implicados no aquecimento do planeta até se tornar numa esfera em chamas.

Por outras palavras, se és mesmo um puto da Geração Morangos (perdão, Rebelde…) que te preocupas bué com o planeta, tipo, uma cena bué de má, que é a camada da zona, e cenas, então estás cheio de sorte – em vez de reciclares mais, gastares menos, desperdiçares menos e seres ambientalmente responsável, bebe antes mais sumo, que a Terra agradece – vá lá, jovem tu sabes bem que isto faz todo o sentido!PIG

Ou seja, moral da história, o Compal vai de encontro ao Skip na ideia do "É bom  sujar-se", se bem que na óptica do "É ecológico ser porco", mas já destoa na atitude de insustentável desperdício de água do Skip (que encoraja desde aumentar exponencialmente o número de lavagens – bruxo – até deixarem o puto chafurdar naquela poça que podia matar a sede a milhares de sudaneses…), água essa que o Compal reitera ser o nosso recurso mais importante – até porque precisam dela para fazer mais sumo – no fundo todos ganham 🙂

E no fim de tudo, em que ficam os jovens Rebeldes? Sujam-se ou não?Se sim, tomam banho ou não? Se sim, bebem sumo ou não? Se sim, quem é que ganha com isso? O planeta? O ambiente? As crianças?

Nah.

Ganham os pais, que enquanto os putos decidem não têm de levar com eles, naturalmente.

E os anunciantes.

E os porcos que vão começar a beber Compal nas suiniculturas. Porque é bom sujar-se.

Fiquem bem 🙂

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